quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

agradeço assim

Boas noites a todos (aos 32 anos 4-2007)

Quero agradecer desde já a todos, por isso agradeço assim….
• Agradeço aos presentes.
• Agradeço aos ausentes, e àqueles que se esqueceram de mim.
• Agradeço a quem me deu e a quem não deu
• Agradeço a quem parou, agradeço a quem ficou, agradeço por ter sabido parar, agradeço até a quem não soube dar.
• Agradeço a quem lutou, Agradeço a quem deixou, que me desse de mim
• Agradeço ainda a todos os que não me cruzei, pois não sei,.. e isso também faz de mim.
• Agradeço a várias épocas, a vários anos, a vários sítios e vários planos
• Agradeço quem me lembrou e me fez lembrar de si, também agradeço a este terrível chato que hoje vos reúne aqui.
• Agradeço a quem me regrou, agradeço só porque tentou, agradeço, agradeço assim.
• Agradeço ainda a quem desculpei, a quem sem culpa gritei, mas no fim agradeço, agradeço assim.
• Agradeço agora, em boa hora, a quem me idealizou, mas lamento se com um conteúdo ficou sem o eternizar em si.
• Quero agradecer também ao meu pai e a minha mãe, por isso agradeço assim.
• Agradeço à filosofia que de noite e de dia, nem eu sabia que um dia acabava assim.
• Agradeço à graça que surge como uma carapaça, e do meu nome se ri.
• Agradeço a deus, pela alma que me deu. Pela falta que senti quando de mim fugi
• Agradeço, agradeço assim por fim.

• Agradeço e quero agradecer a todos do coração quando bastava um aperto de mão, mas aos amigos agradeço assim.

fernando pessoa

Um dia a maioria de nós irá separar-se…Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhamos.
Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre. Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida. Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe...nas cartas que trocaremos. Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...
Aí, os dias vão passar, meses...anos... até este contacto se tornar cada vez mais raro.
Vamo-nos perder no tempo.Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão: «Quem são aquelas pessoas?» Diremos...que eram nossos amigos e.
Isso vai doer tanto!
«Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!»
A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente.
Quando o nosso grupo estiver incompleto... reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo. E, entre lágrimas abraçar-nos-emos. Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida, isolada do passado.
E perder-nos-emos no tempo.
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades.
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!

Fernando Pessoa
torre do bugio
Sim! Sinto-me como aquela torre no meio do Tejo; umas vezes com maré pela garganta, onde a angustia me devora a alma, e outras de pés apenas molhados onde a angustia reclama novamente a totalidade. Sim! A torre do bugio também se sente assim.

felicidade

Só hoje percebi o que era a felicidade… ora cá vai para quem tanto quer saber.
Só hoje vi a felicidade estampada na voz do outro e percebi de onde vinha tudo aquilo, vinha da infelicidade que tinha posto de parte, que tinha suspendido, para que brotasse apenas os bons e primeiros sorrisos primaveris, só hoje percebi o que era a felicidade quando soube que eu era o infeliz e a causa da felicidade do outro.
Percebi que para estares feliz foi preciso destruíres a tua infelicidade ou seja eu.


Aspirina ou osso de cão


Aspirina, esse mal fadado comprimido. Toma-se quando se precisa, quando nos doi algo, e que rapidamente se esquece quando os sintomas se ausentam. Aspirina esse osso de cão que se atira para fora de uma casota qualquer, ou, onde se dá uma festa ao mesmo, por não ser preciso esse mesmo osso, onde a casota se torna interna. As parecenças são inumeras. Aspirina humana, pressupões o mesmo osso, a mesma linha de pensamento, o mesmo osso de cão - quando nos doi algo fazemos festas em vez de atirar o osso, tomamos o comprimido humano, para nos satisfazernos a nós próprios, fazem-nos tomar so porque assim o concedemos. Mas Não!!!! Temos de saber dize-lo! Também o hirudoide faz baixar o negro quando na verdade só há preto ou branco e por isso mesmo o dispensamos pelo azulado que se foi, desse mesmo inchaço. Quantos de nós somos hirudoides, ossos de cão atirados para longe, e quantos de nós somos aspirinas mal tomadas
Afinal nada disto deveria ser servido sem receita médica, sem fome de roer algo. Cada um deveria lamber as suas proprias fridas e não os sintomas de outrem

elas entraram

Elas entraram no autocarro. Uma tinha cabelo curto, entre as outras duas. O tom interessado da de olhos verdes, com largas pestanas encurraladas entre as duas maçãs bem rosadas, salpicadas de um tom que fugia ao da pele, despertou-me a atenção.

Eram para aí 12:30, apontava o meu relógio que daí a pouco ia parar. Despertou-me a atenção, não a forma como falava mas do que falava.

A conversa girava à volta de um terceiro, ela insistia com as outras duas numa "falta" que esse outro teve com ela. Seria grave? Não sei.

Despertou-me a atenção, o facto que se repete vezes sem conta. Há sempre alguém que é um terceiro para quem fala.

Olhei novamente para o relógio e tive a sensação que o ponteiro não deveria estar já ali...

O assunto do qual falava não me prendeu ao ponto de o conseguir descrever, prendi-me "apenas" ao facto de ela estar a falar de outrem. Essa necessidade...

Este terceiro (o dela) fez-me reflectir um problema: - não seria ela agora um terceiro para mim?

Há sempre alguém que fala de um terceiro...

12.40

O relógio está quase a parar. Voltei a reflectir, já não a ouvia, já não me prendia. Essa necessidade...

O que me despertou a atenção? Há sempre alguém que fala de um terceiro.

12:44

O relógio vai parar. Tentei reflectir novamente sobre o problema, que agora me parecia muito mais confuso, parecia não haver tempo para mais. Mas o problema continuava, essa necessidade...

Há sempre alguém que é um terceiro.

Um minuto depois parou mesmo e eu tive de sair. Já não me importava com aqueles olhos verdes, de pestanas encurraladas entre as duas maçãs bem rosadas, salpicadas suavemente de um tom que fugia ao da pele.

Despertou-me a atenção!